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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Norte, leste, oeste e sul

Faz quatro anos. 25 faz exatamente quatro anos que tive um sonho. Foi daqueles vívidos, tão real que me lembro perfeitamente, até da data. Foi assim:

"O lugar era muito árido, um deserto, destes com paisagem estourada do cinema novo. Havia uma multidão, pessoas com aspectos sofridos mas com expressões felizes, equilibradas, mas surradas. Eu estava de frente elas, era parte delas, eram parte de mim, sentia isso, não sabia isso. Eu estava feliz por vê-las, mas não conseguia me aproximar, me juntar à multidão, e era tudo que mais queria. Minhas pernas estavam travadas, por mais que quisesse não movia um passo. Estava feliz mas angustiado. Muito angustiado. Alguém saiu deste grupo eu o vi em um instante e veio em minha direção. Seu primeiro passo serviu para mim como uma gota d ´água para um sedento terminal, o que já seria um alívio, se não me adiantasse à consideração de que muito mais aquele breve e futuro contato me mataria a sede por completo. Sentia, não sabia. Esta criatura se aproximou, me tocou firme no braço e disse o seguinte: "Todos estes existem desta forma pois passou por você, seja agora você a passar por todos, mas por todos eles. Vigie-se portanto para não estar diante da multidão porém solitário." Virou-se e desapareceu dentre eles, mas antes de me largar me pediu a mão e pôs nela uma bússola.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

MILLION DOLAR DOG


Terrorismo americano
      O filme Marley e Eu (Marley and Me, EUA, 2008) repetiu o sucesso que o livro fez nas livrarias, à época foram mais de US$ 100 milhões de bilheteria nos primeiros 10 dias de exibição, o que deixa claro que fazer dinheiro em Hollywood não é assim um cão, digo, bicho de sete cabeças, pois basta ter um grande orçamento em caixa, reunir um elenco famosinho, basear-se em um livro de sucesso e manipular as emoções do público para que soltem algumas lágrimas durante e principalmente no final da projeção.
      A trama todos conhecem ou já ouviram falar: Marley, o pior cão do mundo, é adotado ainda filhote por um casal que acabou de deixar o altar (Owen Wilson e Jennifer Aniston), com o objetivo de lhes dar alguma ideia do que é ser pai e mãe. O que os pombinhos descobrem é que o tal cachorro é um destruidor hiperativo, que não obedece ninguém, come tudo que encontra pela frente e tem o hábito de praticar atos libidinosos em estranhos.
      A história aborda mais de dez anos da vida do casal e Marley serve como um coadjuvante que pontua os problemas e responsabilidades do matrimônio.
      O texto autobiográfico do jornalista John Grogan deixa evidente que há nuances (e muitas) de ficção, que serve para deixar a trama mais palatável e atraente. Não é difícil concluir, portanto, que a fonte-trajetória de Marley e Eu pode não ser tão engraçada quanto se faz pensar que o autor e sua visão é, mesmo que no filme e na realidade ele escreva uma coluna de imenso sucesso por conta de seu humor.
      As melhores sequências do filme, contudo, ficam com Alan Arkin, que faz o chefe de Grogan. Ele nunca ri, o que não o impede de ser engraçado, principalmente quando diz a seu subordinado como poderá ser seu casamento daqui a alguns anos. É terrível seus conselhos, mas de uma ironia surpreendente.
Felicidade universal
      Quanto a Kathleen Turner chega a ser constrangedor ver o que foi uma grande promessa dos 80 em um papel tão menor e ridículo em comparação com seu talento. E como ela está irreconhecível, fora de forma artística e física, em uma participação que demonstra tristemente seu declínio.
      O cão Marley é apenas um veículo para pontuar a vida do casal, ele não chega a ser fundamental na transformação destes como fez pensar a publicidade do filme, mas como diretor e roteirista foram bem treinados, lá pelo terço final da trama, quando o cão já está velho e moribundo, a lente se volta toda para ele, demonstrando uma manipulação picareta de emoções.
      Não é necessário muita qualidade para se fazer dinheiro no cinema, e Marley e Eu está aí para provar, mas apesar de tudo ele agrada, não exige compromisso e é indicado para os pais, tios, avós, crianças e cachorros.