"O lugar era muito árido, um deserto, destes com paisagem estourada do cinema novo. Havia uma multidão, pessoas com aspectos sofridos mas com expressões felizes, equilibradas, mas surradas. Eu estava de frente elas, era parte delas, eram parte de mim, sentia isso, não sabia isso. Eu estava feliz por vê-las, mas não conseguia me aproximar, me juntar à multidão, e era tudo que mais queria. Minhas pernas estavam travadas, por mais que quisesse não movia um passo. Estava feliz mas angustiado. Muito angustiado. Alguém saiu deste grupo eu o vi em um instante e veio em minha direção. Seu primeiro passo serviu para mim como uma gota d ´água para um sedento terminal, o que já seria um alívio, se não me adiantasse à consideração de que muito mais aquele breve e futuro contato me mataria a sede por completo. Sentia, não sabia. Esta criatura se aproximou, me tocou firme no braço e disse o seguinte: "Todos estes existem desta forma pois passou por você, seja agora você a passar por todos, mas por todos eles. Vigie-se portanto para não estar diante da multidão porém solitário." Virou-se e desapareceu dentre eles, mas antes de me largar me pediu a mão e pôs nela uma bússola.
Cinema, propagandas, política, música, livros, críticas, resenhas e o que mais for interessante e também desinteressante.
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Norte, leste, oeste e sul
Faz quatro anos. 25 faz exatamente quatro anos que tive um sonho. Foi daqueles vívidos, tão real que me lembro perfeitamente, até da data. Foi assim:
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
MILLION DOLAR DOG
Terrorismo americano |
A trama todos conhecem ou já ouviram falar: Marley, o pior cão do mundo, é adotado ainda filhote por um casal que acabou de deixar o altar (Owen Wilson e Jennifer Aniston), com o objetivo de lhes dar alguma ideia do que é ser pai e mãe. O que os pombinhos descobrem é que o tal cachorro é um destruidor hiperativo, que não obedece ninguém, come tudo que encontra pela frente e tem o hábito de praticar atos libidinosos em estranhos.
A história aborda mais de dez anos da vida do casal e Marley serve como um coadjuvante que pontua os problemas e responsabilidades do matrimônio.
O texto autobiográfico do jornalista John Grogan deixa evidente que há nuances (e muitas) de ficção, que serve para deixar a trama mais palatável e atraente. Não é difícil concluir, portanto, que a fonte-trajetória de Marley e Eu pode não ser tão engraçada quanto se faz pensar que o autor e sua visão é, mesmo que no filme e na realidade ele escreva uma coluna de imenso sucesso por conta de seu humor.
As melhores sequências do filme, contudo, ficam com Alan Arkin, que faz o chefe de Grogan. Ele nunca ri, o que não o impede de ser engraçado, principalmente quando diz a seu subordinado como poderá ser seu casamento daqui a alguns anos. É terrível seus conselhos, mas de uma ironia surpreendente.
Felicidade universal |
O cão Marley é apenas um veículo para pontuar a vida do casal, ele não chega a ser fundamental na transformação destes como fez pensar a publicidade do filme, mas como diretor e roteirista foram bem treinados, lá pelo terço final da trama, quando o cão já está velho e moribundo, a lente se volta toda para ele, demonstrando uma manipulação picareta de emoções.
Não é necessário muita qualidade para se fazer dinheiro no cinema, e Marley e Eu está aí para provar, mas apesar de tudo ele agrada, não exige compromisso e é indicado para os pais, tios, avós, crianças e cachorros.
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